Boa quarta-feira, como está a correr a vossa semana?
O Governo anunciou esta semana que vai avançar com um
programa para reduzir as listas de espera nas cirurgias da obesidade e operar
dois mil doentes em 2017. Parabéns ao governo, ou será que não?
Vários pontos:
- A saúde é um direito de todos, obesos e não obesos, logo se
a pessoa precisa de ser operada, nem devia sequer de estar em listas de espera.
Aplaudir essa redução? As listas nem deviam existir e ponto. E sim, estou a ser
má.
A cirurgia comporta todo um processo que passa por
psicólogos, nutricionistas e no final cirurgia plástica reconstrutiva. Ops. Vai
doer o que vou escrever a seguir.
Esta foto tem quatro anos, é de quando fiz o by pass
1 – Psicólogos - a falta de profissionais nos hospitais
públicos é evidente. Quando fiz o meu bypass fui observada por um psicólogo logo
após a cirurgia, ainda na enfermaria, e agora quatro anos depois ainda espero por
uma segunda consulta (adiante, eu “psicologiso-me”)
2 – Nutricionistas – o mesmo problema do anterior. Faltam
profissionais destes no Serviço Nacional de Saúde, isto quer dizer o quê? Que
as pessoas que são operadas, levam para casa um plano nutricional, uma consulta
marcada para daí a um mês, e depois dessa, adeus, gostei de te ver até daqui a
seis meses ou um ano. Oh meus caros, quem faz uma cirurgia deste tipo, se tem
coisa que precisa é de nutricionista. Uma visita mensal, no mínimo a um clínico
destes é fundamental.
Bem e já vamos aqui em dois pontos (não são histórias,
passou-se comigo). E agora sim o supra sumo do ridículo.
Cirurgia plástica reconstrutiva – Quando se perde muito peso,
este passo é fundamental. Não é (só) uma questão estética, é aliás e sobretudo,
uma questão de saúde. Quem fica com “peles penduradas” por ter perdido muito
peso enfrenta vários problemas. O simples facto de ter peles faz com que a
pessoa transpire muito e a fricção de uma pele na outra…Conseguem imaginar o
que isso provoca? Isso que o povo chama vulgarmente de “assaduras”, e, pior, mau
cheiro.
Mas, e agora vou ser má, os cirurgiões plásticos do SNS
estão-se borrifando para isso.
É inacreditável que um doente que perde uma grande quantidade
de peso (60 kilos chega?) seja reencaminhado pelo cirurgião do bypass para a
cirurgia reconstrutiva e a mesma cirurgia reconstrutiva escreve ao doente a
pedir mais dados clínicos. O doente é o melhor dado clínico por si., se
marcassem a consulta seria fácil obter todos os dados. Na falta disso, que tal pedir
esses dados ao médico que encaminhou o doente, e que aparentemente não forneceu
o que devia ter fornecido ao colega?
Pois bem estas histórias acontecem, e sabem como se
desbloqueia um processo bloqueado desta forma? Recorrendo ao Provedor de
Justiça. Só assim se consegue uma marcação numa cirurgia deste género que
nestes casos é fundamental.
Posto isto muito mais há para dizer. Muito mais eu irei
escrever sobre estas situações e outras do género aqui no meu blogue.
São coisas reais, não é conversa de treta que a mim ninguém
me paga, nem lucro nada com isto (com sorte ainda me prejudico).
Há uma associação de obesos em Portugal, gostava que falassem
abertamente sobre a obesidade e se deixassem de conversas politicamente
correctas. Gostava que a imprensa escrita deste país fosse ver na realidade
como são estas coisas. Que mostrassem o verdadeiro lado do obeso e não aquilo
que é giro mostrar. Ser obeso, não é giro.
Nunca vão ter da minha pessoa um aplauso para uma iniciativa
do governo na área da saúde.
São tudo balelas e conversas de treta que só servem para
publicidade dos seus próprios umbigos (seja que governo for, esquerda, centro, direita
o que for) na realidade, no dia-a-dia. não funcionam e como diz o povo “quem se
lixa é o mexilhão”.
Beijos.
Divirtam-se.
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